terça-feira, 25 de maio de 2010

Lá vai disto que amanhã não há.

Hoje ouvi uma declaração de amor, no mínimo, original, de um cachopo para uma cachopa. Passo a citar: "Foda-se, curto bué de ti". Isto fez-me espirrar uma quantidade considerável de café pelo nariz, e creio que pior, só mesmo a canção do macaco e da banana do José Cid, quando o senhor canta "minha macaca gira e bacana / o teu sorriso é que não me engana..." Se o Homem que Atura a Misantropa tivesse a triste ideia de me dizer isto, tinha de me ir buscar a Santa Comba Dão, porque eu ia a rebolar a rir até lá.

No entanto, este momento de ternura e carinho entre o par de pombinhos trouxe-me à memória um acontecimento recente. Ontem estava no café da minha rua e ouvi o seguintes “diálogo” ( sim, é mesmo entre aspas ) entre dois dos meus amigos de infância. Desde já peço desculpa a quem for sensível à linguagem utilizada, mas a transcrição é absolutamente fiel.

“- Foda-se, ‘tás a gozar, caralho!”
“- Não ‘tou nada, caralho!”
“- Foda-se, g’anda merda, caralho!”
“- Podes crer! Foda-se!”

Não sou exactamente puritana, e quando me sobe a mostarda ao nariz calço as chanatas, ponho as mãos na cintura, sobe-me a verve da Serra da Luz à garganta e lá vai disto que amanhã não há. Mas não vejo necessidade de dizer três asneiras numa frase com quatro palavras. Expliquei-lhe que podiam simplesmente ter dito:

“- ’Tás a gozar!”
“- Não ‘tou nada!”
“- G’anda merda!”
“- Podes crer!”

Ficaram os dois meio aparvalhados a olhar para mim, e um respondeu:
“- Foda-se, ‘tás cada mais intalecatual… não há pachorra p’a t’aturar, caralho!”
A única pessoa que partilhou a minha dor foi o dono do café, que se escondeu atrás do balcão a rir baixinho da minha cara de pasmo. E a única conclusão que tiro destas duas situações é mesma deles.

Foda-se, não há pachorra.

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