segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Eu, livreira, confesso-me.

Se há coisa que eu detesto é trabalhar o livro infantil. Detesto, fujo a sete pés, irrita-me solenemente arrumar estantes de livros infantis porque, como são todos de tamanhos e formatos diferentes, mesmo depois de arrumada a estante parece desarrumada, odeio fazer mesas e destaques pela mesmíssima razão: como é "cada cor seu paladar", ora lá vai um quadrado, ora lá vai um redondo, ena pá um rectangular, as mesas parecem um expositor bipolar.

Além destas pequenas questões de ordem técnica e organizacional, o livro infantil foi coisa que evoluiu muito na última década, sendo quase ( ou sendo mesmo ) um negócio à parte; o que é certo é que, à parte da Minutos de Leitura, que tem as ilustrações mais deliciosas de sempre, e de editoras vanguardistas como a Bruááá, a Kalandraka, a Gatafunho e a Bags of Books, o livro infantil é a mesma chateação de sempre. Oh aborrecimento.

Mas existe mais uma razão para detestar visceralmente a secção infantil; é raro o dia que não ouço esta frase, e hoje não foi excepção. Rufem os tambores...

"Ah, ele só tem dois anos... Mas é muito precoce! Muito precoce para a idade, o pediatra fica doido!"

Pois, eu também ficaria. Não será melhor ir até à secção de Filosofia escolher qualquer coisita do José Gil, ou levar-lhe uns compêndios de História do Oliveira Martins? A secção de Direito também tem uns Códigos Penais muito jeitosos, próprios para crianças de dois anos precoces: as páginas não mancham com a baba.

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