Declarem agora a minha insanidade.

Eu trabalho num centro comercial. E esta pequena frase já seria suficiente para fazer valer o título do post. Mas a verdade é que eu trabalho num centro comercial, e faço parte de um grupo de priveligiados, uma verdadeira elite: os lojistas que têm um café, uma casa de banho e uma porta de emergênia, com acesso a escadas exteriores, para ir fumar, perto da loja.

E hoje, num desses momentos em que se fuma, aproveita-se para descansar um bocadinho as pernas e esvazia-se os ouvidos das barbaridades dos clientes, estava eu a fazer estas três coisas em simultâneo ( wow! ), sozinha, sossegadita ( eu bem digo que quieta é que eu estou bem... ) e chega outro lojista fumador. O lojista fumador é de outra loja, é antipático e mete nojo todos os dias, e, para não variar chegou às escadas e nem boa tarde disse. Este comportamento é raro ( o centro comercial é pequeno, os lojistas conhecem-se todos, especialmente os fumadores ), mas neste indivíduo é o comportamento usual. No entanto, hoje, e certamente com grande esforço, foi obrigado a falar. Depois de vasculhar os bolsos umas vinte vezes, olhou para mim com ar de enfado e perguntou:

- Ei... tens isqueiro?

Eu juro que não sei. Juro por Deus que não sei de onde é que isto me saiu, mas a resposta que lhe dei foi:

- A salamandra não é um réptil, é um anfíbo da família dos Urodelos.

Agora sim, é oficial. Já não tenho cura. A frase disparada sem pensar foi dita de forma séria e calma, o que fez com que o meu interlocutor olhasse atónito e se afastasse devagar, provavelmente em busca de um fumador possuidor de isqueiro e mais sano. E eu apaguei o ciagrro, fui para a livraria, e já dentro da loja é que desatei a rir.

O que vale é que o s meus colegas já nem ligam.