domingo, 2 de janeiro de 2011

Balanço

Mais um ano que findou, e este foi particularmente mau; claro que, como tudo, teve as suas coisas boas, e das más retiraram-se ensinamentos absolutamente prodigiosos.

Este ano aprendi, mais do que nunca, o significado das palavras dor, perda, desilusão e perdão. Desiludi e desiludi-me, magoei e fui magoada, perdi e larguei, perdoei e fui perdoada. Outro ensinamente fantástico que 2010 me deixou foi o da resignação e aceitação. Resignei-me e aceitei, e libertei-me. Mudei de emprego, aprendi e ensinei. Conheci gente nova, uns com um valor imenso, outros que nem por isso. Cultivei ainda mais o dom da paciência e a importância da família. Apostei na minha carreira académica com um salto de fé, assumi, para desgosto de alguns, a minha misantropia e comecei este blog. Aprendi a gostar mais de mim, e desta forma a gostar e prezar mais aqueles que me querem bem. Aprendi que uma amizade não se altera com o tempo nem com a distância, porque o tempo e a distância fazem-nos ver o quão especial é essa pessoa que está longe, ou que não vemos à tanto tempo. Decidi afastar todas as pessoas que não me trazem nada de bom, e aproximar aquelas com quem posso contar nos bons e maus momentos, larguei rancores passados e senti-me mais leve. Perdi familiares, perdi amigos, ganhei o dobro dos cabelos brancos. Escrevi mais, sonhei menos. Senti Deus e a minha fé escaparem-me por entre os dedos como areia, e reencontrei-O num local inesperado, numa circunstância absurda, junto a pessoas que nunca tinha visto na vida, e aprendi que uma pessoa não pode ter o poder de nos fazer perder a fé em nada, e que não podemos dar esse poder a ninguém.

Afinal, 2010 até traz um balanço bastante positivo em relação a aprendizagem pessoal. E se isto nem parece Discurso de Misantropa, posso afirmar que a Misantropa até pode ter mau feitio, mas não é uma pessimista. Acredito piamente que 2011 vai ser um ano em grande, por variadíssimas razões. Em primeiro lugar, porque pior que 2010 só mesmo se o céu cair em cima da minha cabeça ( e outros tantos, que o céu ainda é uma coisa assim para o grande para só acertar em cima do meu cucuruto ); em segundo lugar, porque se consegui tirar coisas positivas de um ano tão estapafúrdio e negativo como 2010, terei essa capacidade para 2011, certamente. Mas aquilo que me faz acreditar ainda com mais força, assim muita, que 2011 vai ser bom é o nervoso miudinho, as borboletas no estômago, a sensação que eu já tinha esquecido, mas parece que é a sensação que temos quando nos estamos a apaixonar. Ainda não analisei muito a questão, mas vai na volta é isso. Ou talvez sejam só gases.

De qualquer das formas, sabe bem.

Por isso, começar o ano assim é por certa um bom augúrio.

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