A Misantropa exerce a mais nobre das artes do comércio, ou seja, é livreira. Esta história da mais nobre das artes venderam-ma à muitos anos atrás na extinta Editorial Notícias, e eu era nova, ingénua e parva, e acreditei. Hoje em dia já não sou tão nova, ainda sou parva, e o que tenho de menos é de crédula, mas ainda acredito que é a mais nobre das artes do comércio, talvez por força do hábito. Ou então, porque venderam-me a teoria e eu, já que a comprei, mais vale usá-la.
Dizia eu que sou livreira. Esta é uma profissão, no mínimo, dantesca. Só trabalha nela quem gosta, e tem de se gostar, gostar muito. E saber. Montes, resmas, paletes, contentores, cargueiros sobre livros. E mais, tem de se ter um sentido de humor a toda a prova. No entanto, hoje não escrevo a contar uma qualquer parvoíce que tenha ouvido de um cliente.
Há uns dias atrás entraram na livraria pai e filha, uma miúda com 12 anos. Foram até à secção do livro infantil e juvenil e por lá estiveram um bom bocado, até que o pai dirigiu-se a mim e perguntou-me se eu podia dar uma ajuda. Lá fui, como boa livreira, e lá me expuseram o caso. A cachopa gosta de ler, devora livros, de tudo um pouco. Queria um livro para ler nas férias, mas o que há mais agora para a idade dela são livros sobre vampiros. Estão na moda. Mas a cachopa não gosta de nada disso, gosta de ler, mas não acha piada aos pululantes livros sobre vampiros fofinhos e gosmentos. Depois de algum tempo a falar com ela, depois de perguntar por livros que já tivesse lido e que tivesse gostado, ela pediu-me uma opinião pessoal; indiquei-lhe dois: “Caderno de Agosto”, da Alice Vieira, e o “Guarda da Praia”, de Maria Teresa Maia González. Ela olhou para o pai, e perguntou se podia levar os dois livros, e o homem encolheu os ombros e disse: “Bem, é para livros… menos mal. Está bem.” Lógico que deu-me vontade de dar um grande beijinho ao senhor, mas contive-me. Eles lá levaram os livros, e eu continuei a arrumar as estantes.
Dias depois, a miúda apareceu lá na livraria. Foi ter comigo, deu-me um abraço e disse:
- Obrigada, gostei muito… Recebi hoje a minha semanada. Pode dizer-me outros para ler?
É mesmo a mais nobre das artes do comércio.
Dizia eu que sou livreira. Esta é uma profissão, no mínimo, dantesca. Só trabalha nela quem gosta, e tem de se gostar, gostar muito. E saber. Montes, resmas, paletes, contentores, cargueiros sobre livros. E mais, tem de se ter um sentido de humor a toda a prova. No entanto, hoje não escrevo a contar uma qualquer parvoíce que tenha ouvido de um cliente.
Há uns dias atrás entraram na livraria pai e filha, uma miúda com 12 anos. Foram até à secção do livro infantil e juvenil e por lá estiveram um bom bocado, até que o pai dirigiu-se a mim e perguntou-me se eu podia dar uma ajuda. Lá fui, como boa livreira, e lá me expuseram o caso. A cachopa gosta de ler, devora livros, de tudo um pouco. Queria um livro para ler nas férias, mas o que há mais agora para a idade dela são livros sobre vampiros. Estão na moda. Mas a cachopa não gosta de nada disso, gosta de ler, mas não acha piada aos pululantes livros sobre vampiros fofinhos e gosmentos. Depois de algum tempo a falar com ela, depois de perguntar por livros que já tivesse lido e que tivesse gostado, ela pediu-me uma opinião pessoal; indiquei-lhe dois: “Caderno de Agosto”, da Alice Vieira, e o “Guarda da Praia”, de Maria Teresa Maia González. Ela olhou para o pai, e perguntou se podia levar os dois livros, e o homem encolheu os ombros e disse: “Bem, é para livros… menos mal. Está bem.” Lógico que deu-me vontade de dar um grande beijinho ao senhor, mas contive-me. Eles lá levaram os livros, e eu continuei a arrumar as estantes.
Dias depois, a miúda apareceu lá na livraria. Foi ter comigo, deu-me um abraço e disse:
- Obrigada, gostei muito… Recebi hoje a minha semanada. Pode dizer-me outros para ler?
É mesmo a mais nobre das artes do comércio.
Como é possível!
ResponderEliminarAs surpresas reservadas ao L. V. nunca acabam!
12 anos:
«mas o que há mais agora são livros sobre vampiros. Estão na moda».
Tirando o «mais», fica «há agora». A PIPI DAS MAEIAS ALTAS há agora, novamente, por exemplo.
AGORA, que há mais, que bom é ser L. N.! Aguente-se!
L. V.
Vénia, meus senhores, vénia profunda, de nariz a rasar no chão... ao L.V. com quem a L.N. já aprendeu tanto! :)
ResponderEliminarParabéns por ter acertado no alvo! É de livreiras (os) assim que precisamos!
ResponderEliminar